"Família muda-se" é uma comédia familiar de costumes, cheia de personagens que poderiam ser nossos vizinhos ou até mesmo familiares. Um texto acessível e de fácil identificação por parte da platéia, que se diverte e até mesmo se emociona com uma história simples e deliciosa que narra encontros e desencontros. Com música e dança, o espetáculo tem um pique ágil que não decai em momento algum.
A peça retrata a vida de uma família que, prestes a se mudar, organiza um bazar para vender as tralhas que lembram o passado. Neste meio tempo, o marido, que havia desaparecido, reaparece e muda tudo novamente. O conflito entre pai e filha, a relação entre marido e mulher, que reascende uma velha chama, e a presença de vários personagens, que orbitam em volta deste núcleo familiar, conferem um charme especial ao todo. Outro detalhe interessante são os números de dança coreografados por Jaime Arôxa, assim como a música feita por Zé Rodrix.
O elenco é bem entrosado e repleto de talentos, todos se divertindo muito em cena e fazendo seu trabalho com visível prazer. Odilon Wagner, que além de autor e diretor faz Jacques, o marido que retorna, talvez por estar muito por dentro do texto e também de sua competência, é sensível e imprime a dose certa de humanidade em seu personagem, o que resulta num trabalho muito bem feito. Tânia Bondezan é uma atriz deliciosamente competente, querida e talentosa, que consegue equilibrar a mãe/dona de casa e a mulher madura cheia de desejos. Mário Schoemberguer, outro ator muito talentoso, faz sem caricaturas o amigo gay da família, personagem esse indispensável hoje em dia, já que aparece um em toda família.
A novata Paula Weinfeld dá conta do recado fazendo uma adolescente rebelde e Hermano Moreira, o namorado, tem talento e é engraçado, exagerando um pouco na linguagem cheia de gírias, o que, acredito, seja exigido pela personagem. Olívia Araújo é Diva, a empregada, daquele tipo intrometida, mas boa gente. A atriz está um tom acima, mas mesmo assim diverte. Teresa Pitter é a vizinha que mal aparece, mas está divertidíssima, e Taiguara Nazareth, sem expressão, alguma, é o namorado mais novo de Fernanda. Por fim, a cereja do bolo é a deliciosa participação da veterana Etty Fraser, que vive tia Cecília, uma judia vítima do mal de Alzheimer. Etty encanta a platéia demonstrando uma surpreendente vitalidade em cena.
Outro destaque também é para a linda cenografia de Fábio Brando, com capricho e luxo de sobra. Uma curiosidade: todos os objetos de cena (que não são poucos) estão à venda. No fim da peça, os espectadores podem subir ao palco e são recebidos pelos atores. Os figurinos têm a assinatura de Ricardo Almeida e Huis Clos, e a iluminação de Wagner Freire é muito boa.
"Família muda-se" é entretenimento de primeiríssima qualidade, simples e divertido. Um daqueles casos de que o menos é mais. Odilon Wagner acertou em cheio nesse seu primeiro texto. Diversão garantida para toda a família.
Cotação: Bom (***)
Serviço:Família Muda-se
A peça retrata a vida de uma família que, prestes a se mudar, organiza um bazar para vender as tralhas que lembram o passado. Neste meio tempo, o marido, que havia desaparecido, reaparece e muda tudo novamente. O conflito entre pai e filha, a relação entre marido e mulher, que reascende uma velha chama, e a presença de vários personagens, que orbitam em volta deste núcleo familiar, conferem um charme especial ao todo. Outro detalhe interessante são os números de dança coreografados por Jaime Arôxa, assim como a música feita por Zé Rodrix.
O elenco é bem entrosado e repleto de talentos, todos se divertindo muito em cena e fazendo seu trabalho com visível prazer. Odilon Wagner, que além de autor e diretor faz Jacques, o marido que retorna, talvez por estar muito por dentro do texto e também de sua competência, é sensível e imprime a dose certa de humanidade em seu personagem, o que resulta num trabalho muito bem feito. Tânia Bondezan é uma atriz deliciosamente competente, querida e talentosa, que consegue equilibrar a mãe/dona de casa e a mulher madura cheia de desejos. Mário Schoemberguer, outro ator muito talentoso, faz sem caricaturas o amigo gay da família, personagem esse indispensável hoje em dia, já que aparece um em toda família.
A novata Paula Weinfeld dá conta do recado fazendo uma adolescente rebelde e Hermano Moreira, o namorado, tem talento e é engraçado, exagerando um pouco na linguagem cheia de gírias, o que, acredito, seja exigido pela personagem. Olívia Araújo é Diva, a empregada, daquele tipo intrometida, mas boa gente. A atriz está um tom acima, mas mesmo assim diverte. Teresa Pitter é a vizinha que mal aparece, mas está divertidíssima, e Taiguara Nazareth, sem expressão, alguma, é o namorado mais novo de Fernanda. Por fim, a cereja do bolo é a deliciosa participação da veterana Etty Fraser, que vive tia Cecília, uma judia vítima do mal de Alzheimer. Etty encanta a platéia demonstrando uma surpreendente vitalidade em cena.
Outro destaque também é para a linda cenografia de Fábio Brando, com capricho e luxo de sobra. Uma curiosidade: todos os objetos de cena (que não são poucos) estão à venda. No fim da peça, os espectadores podem subir ao palco e são recebidos pelos atores. Os figurinos têm a assinatura de Ricardo Almeida e Huis Clos, e a iluminação de Wagner Freire é muito boa.
"Família muda-se" é entretenimento de primeiríssima qualidade, simples e divertido. Um daqueles casos de que o menos é mais. Odilon Wagner acertou em cheio nesse seu primeiro texto. Diversão garantida para toda a família.
Cotação: Bom (***)
Serviço:Família Muda-se
Texto e direção: Odilon Wagner
Com: Odilon Wagner, Tânia Bondezan, Etty Fraser, Mário Schoemberguer, Olívia Araújo, Paula Weinfeld, Hermano Moreira, Teresa Pitter e Taiguara Nazareth
Onde: Teatro Cultura Artística
Temporada até 26 de agosto
Com: Odilon Wagner, Tânia Bondezan, Etty Fraser, Mário Schoemberguer, Olívia Araújo, Paula Weinfeld, Hermano Moreira, Teresa Pitter e Taiguara Nazareth
Onde: Teatro Cultura Artística
Temporada até 26 de agosto