segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A Festa de Abigaiu

Vencedora do 10º Festival da Cultura Inglesa, na categoria teatro adulto, A Festa de Abigaiu é uma deliciosa comédia, com texto do inglês Mike Leigh (diretor de filmes como SEGREDOS E MENTIRAS e VERA DRAKE), que tem, pela primeira vez, um trabalho seu montado por aqui, e vem ganhando a platéia paulistana.Escrita em 1970, a peça enfoca o realismo social, ou seja, o dia a dia, os problemas, as frustrações e desejos, de cinco personagens que se encontram com o pretexto de conversar e se divertir.

A partir daí, feridas são expostas, assim como hábitos politicamente incorretos e reações muitas vezes exageradas – diante dos outros e de uma platéia atenta. Recheada de humor negro, a obra diverte e nos faz rir de forma inteligente, sem apelar, em momento algum, para palavrões ou técnicas mais fáceis, tão comumente usadas para ganhar o público. Aliás, muitas vezes, é uma pausa, ou um silêncio, que fazem com que a platéia desande a rir.

Leigh nos introduz no cotidiano e nos costumes de um grupo de losers, que vivem em um condomínio onde está acontecendo a tal festa do título, num verdadeiro jogo de poder, uma competição para mostrar, a todo momento, quem é o melhor.

A direção da montagem brasileira é de Mauro Baptista Vedia, que usa de pausas e marcas muito bem colocadas, pois o próprio autor explica que cada personagem tem um tom exigido, o que se nota claramente na adaptação. A anfitriã Beverly, que vai para o lado da comédia e do cinismo, é interpretada pela fantástica Ester Laccava, que mais uma vez arrebenta em cena, principalmente se considerarmos que a intérprete vem de um gênero completamente diferente em seu trabalho anterior. Com uma personagem que está sempre preocupada com seus convidados, e sempre tentando se mostrar melhor, a atriz usa esse humor cínico com perfeição.
Eduardo Estrela, diz o diretor, seria o elo mais dramático, na pele de Lawrence, o marido e dono da casa, preocupado com o trabalho e sempre confrontado por sua mulher.

Com uma interpretação recheada de silêncios e expressões, Estrela mostra-se, também, o elo mais fraco do elenco. Ângela, vivida por Ana Andreatta, já nos ganha quando diz a primeira sílaba. Uma personagem caricatural, com o lado infantil muito aguçado, que é constantemente humilhada pelo marido mas, ao mesmo tempo, consegue ser doce e gentil. Em suma, pode até se tratar de uma caricatura, sim, mas feita com maestria. Fernanda Couto é Susan, a vizinha mais intelectual, sofisticada e de fala mansa, interpretada com enorme talento pela atriz, que faz dos gestos e expressões a base da sua composição. Por fim, o bonachão Tony, defendido por Marcos Cesana, faz um tipo grosseiro e cansado de tudo a sua volta, recado que o ator dá conta sem muitas exigências.

Enfim, um elenco afinado, texto inteligente e boa direção, que estão cercados de outro bom grupo: o cenário, de uma casa classe média britânica, cheia de detalhes e objetos de cena, tudo muito útil à encenação, leva a assinatura de Álvaro Razuk; a trilha original, fantástica, quase como um sexto personagem, foi criada pelo próprio autor, e adaptada pelo diretor, e o figurino, bonito e de acordo com a época, feito por Maite Chasseraux.

Tantas qualidade fazem de A Festa de Abigaiu a zebra das peças da cidade, pois, chegando de cantinho, vem conquistando as platéias e já é considerada a terceira melhor peça em cartaz na capital paulista, segundo revista especializada. Texto inteligente para pessoas de bom gosto. O último por favor apague a luz!

Cotação: Muito Bom (****)

Serviço: A Festa de Abigaiu
De: Mile Leigh
Direção: Mauro Baptista Vedia
Com: Ester Laccava, Ana Andreatta, Eduardo Estrela, Fernanda Couto e Marcos Cesana

10 comentários:

Anônimo disse...

Olha, com o devido respeito e vênia a quem gostou, devo dizer que achei a peça bem fraquinha... na verdade, nem consegui identificar se o problema está no texto, nos atores ou na própria história, só sei que deu sono (e não foi só em mim) e foi chato, tipo, jamais indicaria a alguém... não confiem tanto na cotação 4* da vejinha...

Anônimo disse...

Talvez muitas pessoas não gostem da peça pelo simples fato de não ser o público alvo da mesma, o qual entenderia as entrelinhas deixadas pelos atores para interpretação do que estavam dizendo ou mesmo expresando. Gostei da peça pelo fato de retratar relamente a sociedade em que vivemos, onde a base é disputa de poderes,traição e inveja.

Os atores e diretor estão de parabéns é a claro a estrutura do teatro...
Aqui está falando uma admiradora de teatro e sem preconceitos... nota 10!

Anônimo disse...

A peça é incrivelmente chata. Dá sono literalmente. Ouvi várias pessoas na saída do teatro dizendo o mesmo. Fiquem longe desta peça !!
Marcelo

Anônimo disse...

deixou a desejar.... esperava algo mais animado, mas acabei dormindo literalmente!!! hauhuahuhauha

Anônimo disse...

Eu adorei a peça, uma das melhores que assisti ultimamente, além de A alma imoral! Excelente comédia de costumes, embora inglesa e retrate os anos 70, se aplica perfeitamente a nossos costumes e à atualidade!
Os 5 atores são ótimos, gostei de todos os personagens, acho que as pessoas têm um pouco de cada um dentro de si! Ora me identificava com um ou com outro! Por isso é tão engraçado! É importante observarmos como usamos máscaras o tempo todo, para nos adequarmos à pessoas, situações e ambientes!
Eu, meu marido e um casal de amigos adoramos a peça, rimos o tempo todo! Todos os personagens são ótimos, mas gostei especialmente da Beverly (hilária), do Tony e da Susan!!!

Anônimo disse...

Estava aguardando oportunidade para ver esta peça desde outubro/08. Agora consegui, em fevereiro, mas, sinceramente, não valeu a espera...
Eu, meu marido, e quem estava a nossa volta, demos o mesmo tipo de comentário: "que peça chata".
Ouvi meia dúzia de risos, numa pela longa demais para tão pouco resultado. Saimos com a sensação de vazio.
Amamos teatro, e não recomendo.

Anônimo disse...

Devia haver uma crítica dos críticos e uma crítica de público. Aí, certamente, todas estas indicações de quão boa é a peça cairiam por terra.

Anônimo disse...

Meu Deus! De onde tiraram 4*!
Não sou nem um pouco exigente, mas não consegui dar uma risada durante as LONGAS 2 horas da peça. Diálogos repetidos, forçados e monótonos. Algumas poucas risadas de alguns da platéia que sinceramente até agora não entendo o por quê.
Acho que não seja problema dos atores, mas sim do texto.
Enfim, não valeu nada à pena.

Unknown disse...

Lamentável.
Esticaram um texto de quinze minutos para passar de uma hora de apresentação.
Fiquei com pena dos atores que até se esforçaram em seus papéis caricaturados.
O tema é bom e poderia ser mais explorado. Ficarei atento às outras peças do produtor e diretor para não cair no conto de novo. Isso, se houver outra peça.

Elen Kodama disse...
Este comentário foi removido pelo autor.