domingo, 5 de agosto de 2007

Toalete

Tendo como referência o nome do dramaturgo Walcyr Carrasco, um dos atuais queridinhos da Rede Globo, e de quem leio as ótimas crônicas quinzenais na Revista Veja-SP, resolvi encarar uma comédia que já prometia, em sua chamada, que o espectador iria “fazer xixi” de tanto rir. Já é bastante difícil me fazer rir, e, quando é para rir de coisa ruim, pior ainda.

No caso, como a promessa não se cumpre, pode-se dizer que se trata de propaganda enganosa e o autor, pela segunda vez no teatro, me decepciona. Se na fraca “Até que o sexo nos separe”, Walcyr brincava com os estereótipos do casamento, nessa "Toalete" ele chega muito perto do grotesco. O texto, que até parte de um ponto inicial interessante - principalmente para o universo masculino, que tem intensa curiosidade para saber o que se passa emum banheiro feminino -, carece de um fio condutor, uma vez que a história que norteia tudo é, basicamente, uma colagem de textos, no pior estilo "Zorra Total", com abundância de estereótipos, piadas preconceituosas e muitos palavrões, que, no entanto, até podem divertir uma platéia menos acostumada com o bom teatro.

Todos os clichês estão lá: loira burra, lésbicas, o homossexual afetado, a evangélica, prostitutas, apresentando-se em esquetes por vezes constrangedoras. Para não dizermos que tudo é horrível, o cenário, um banheiro feminino de um hotel de luxo, é muito bonito, mas acho que os elogios param por aí. Já no elenco, uma boa atuação se destaca: Vera Mancini acaba se dando bem com o que lhe é oferecido, provando que, às vezes, um texto ruim não chega a derrubar uma grande atriz. Márcia Cabrita é cômica, mas repete aquilo tudo que já a vimos fazer várias vezes. O resto do elenco passa do ruim ao sofrível: Suzana Pires, Flávia Garrafa, Cynthia Falabella, Antoniela Do Canto, Stella Maria Rodrigues e Renato Wiemer devem ocultar esse trabalho de seus currículos.

É muito triste que a comédia, um dos gêneros mais difíceis de ser feito, tenha se reduzido a um monte de clichês e palavras de baixo calão, deixando de lado, na maioria das vezes, um humor mais ácido e, principalmente, mais pensante. Mas a culpa não é só de quem faz, e sim de uma platéia pagante que lota esses espetáculos e se contenta com tão pouco.

Cotação: Ruim (*)
Serviço: Toalete
De: Walcyr Carrasco
Direção: Cininha De Paula
Com: Vera Mancini, Márcia Cabrita, Stella Maria Rodrigues, Suzana Pires, Renato Wiemer, Flávia Garrafa, Cyntia Falabella, Antoniela Do Canto
Onde: Teatro Gazeta-SP
Temporada até 2 de Setembro

Um comentário:

user disse...

Exagero dizer que a atuação de Suzana Pires é ruim ou sofrível. Esqueça o texto e concentre-se na interpretação da atriz: é a melhor em cena. Vera Mancini é muito chata, isso sim.